Redacção 102


“A Imprensa e Opinião Pública em Portugal” pelo olhar de José Manuel Tengarrinha
Maio 1, 2007, 1:12 pm
Filed under: Actualidade

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Consciente da necessidade de um estudo que fornecesse uma perspectiva histórica da evolução da opinião pública em Portugal, José Tengarrinha entrega-se a esta tarefa e desenvolve um trabalho inédito e, tal como o próprio defende, “necessário”.

Imprensa e Opinião Pública em Portugal é o título da obra do historiador e tema de um seminário apresentado no dia 12 de Abril, na Universidade do Algarve, direccionado para os estudantes das disciplinas de Literacia dos Media e Investigação e Pedagogia dos Media.
Num primeiro momento, Tengarrinha fez uma exposição dos conteúdos abordados na obra, segundo uma ordem cronológica compreendida entre os meados do século XVII e a queda do Estado Novo, relacionando a influência dos diversos poderes políticos sobre a imprensa. Para tal centrou-se em quatro momentos da história portuguesa – a formação do Regime Liberal, o Ultimatum Inglês, o fracasso da I República e o advento do Estado Novo – onde analisou as relações estreitas dos Estados com a Imprensa na tentativa de veicularem ideologias e de formarem opiniões a si favoráveis. Deste modo, criou-se aquilo a que José Tengarrinha apelidou de “blocos de opinião nacional” contrários a uma verdadeira “opinião pública crítica e esclarecida”.
Tal como avançou o historiador, a sua obra não se restringe apenas ao plano histórico, mas tem ainda a capacidade de promover reflexão, permitindo observar de forma crítica os mecanismos de formação da opinião pública utilizados no passado, e compreender os que actualmente são aplicados.

Num segundo momento, mais interactivo, onde intervieram professores e alunos, discutiu-se a prestação do serviço público de televisão e a sua contribuição para a formação de uma opinião pública crítica. Considerando que essa contribuição não se verifica, Tengarrinha referiu-se às prestações de supostos formadores de opinião como “monólogos” inúteis e pouco esclarecedores, uma vez que os discursos são pessoais e facciosos.
O papel da rádio, nomeadamente os fóruns de opinião pública que convidam à participação dos ouvintes, também foram tema. O historiador não os encara como reflexo de uma opinião pública, nem considera as intervenções populares capazes de criar unanimidade.

No final do debate, Rita Justino, aluna do 3º ano de Ciências da Comunicação, considerou o ensaio do historiador “um instrumento extremamente útil uma vez que permite perceber o nascimento da opinião pública”, mas lamentou o pouco tempo reservado ao confronto de ideias no seminário. Gabriela Borges, investigadora e docente na Universidade do Algarve, realçou a importância dos estudos do autor por fornecerem uma “contextualização histórica” da opinião pública em Portugal. Sublinhou ainda o carácter formativo do seminário semelhante às “velhas academias” em contraste com a prática do ensino hoje em dia.

José Tengarrinha tornou-se um nome incontornável da bibliografia de qualquer estudante de comunicação. Desde a década de 1960, o historiador tem vindo a editar vários livros que tratam o tema da imprensa portuguesa, como Imprensa e Opinião Pública em Portugal. Este trabalho ficará completo brevemente, quando a Nova História da Imprensa Portuguesa chegar aos escaparates das livrarias e às prateleiras das secções de Ciências da Comunicação das bibliotecas.

* Dados recolhidos do weblogue oficial da editora Minerva: http://minervacoimbra.blogspot.com/2006/06/imprensa-e-opinio-pblica-em-portugal.html

Cláudia Vargas Candeias | David Teixeira Fernandes | João Soares Carvalho


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